Humantech Marketing. marketing molecular e humano

Um blog em que se exprimem opiniões, visões, resultados de investigações, de um mundo em que o marketing e a tecnologia se cruzam, no caminho para um Marketing Molecular e Humano


Marketing Político e Marketing Eleitoral

No meio da crise política instalada no país pelos motivos conhecidos, estamos a escassos meses de mais umas eleições e, por isso, os temas do marketing político e eleitoral assumem particular relevância.

Em teoria e em termos globais, o marketing político parte do conhecimento do país, da economia, da sociedade, das populações, das suas características, dos seus pontos fortes e potencialmente diferenciadores, das suas fraquezas, das necessidades e objectivos dos cidadãos.

Levantadas as necessidades e os recursos, há que estabelecer prioridades, face à escassez dos recursos, e elaborar um Plano de Desenvolvimento Estratégico maximizando, desejavelmente, o efeito sobre os cidadãos. Segue-se a escolha de meios para atingir os objectivos definidos e a definição das políticas mais adequadas.

Neste âmbito, o marketing político deve enquadrar a elaboração dos Planos e Orçamento de Estado, os quais definem o enquadramento macroeconómico e os recursos financeiros para a implementação das políticas públicas e o quadro geral em que a economia privada se vai desenvolver.

A definição estratégica macroeconómica deve ter como base “o marketing do e para o país”, isto é a concepção do cidadão como centro da definição de todas as políticas a definir. 

Cabe ao Estado proceder à definição das linhas regulamentadoras da concorrência e legislar, principalmente, em áreas que representem um risco demonstrado para os cidadãos como, e exemplificando, o tabaco, o álcool, ou as drogas, outros produtos que possam provocar doenças crónicas, como, por exemplo, o açúcar e o sal; representem perigo para a segurança, como os automóveis, as armas; situem-se no campo da moralidade vigente, como a prostituição, o jogo ou a pornografia.

O Marketing Político assemelha-se, de alguma forma, ao marketing dos produtos e serviços sendo os clientes, neste âmbito os cidadãos e os consumidores, os produtores e as empresas. Assim, desejavelmente, o cidadão deverá constituir o elo e o elemento central, em torno do qual se deverão definir as prioridades, as estratégias e as políticas.

O Marketing Eleitoral é a materialização, nos pré-períodos eleitorais, de um conceito mais geral, o marketing político, este deve ter como base o quadro referido, mas encontra a sua especificidade na perspectiva político-ideológica de cada organização partidária, a qual conduzirá a caminhos e soluções diferentes, logo a diferentes programas.

O Programa Eleitoral condensa essa análise, apontando para as políticas que cada partido seleciona como relevantes para atingir os seus objectivos. Perante este documento-base, é definida – à semelhança de uma marca ou produto – a estratégia de comunicação, desde os locais a que os líderes irão estar presentes durante a campanha, à escolha dos meios a utilizar, a eventuais personagens públicas, simpatizantes do partido em causa, que vão actuar como influenciadores.

Antes, durante e depois da campanha, as sondagens periódicas, ajudam a orientar/reorientar a campanha, consoante os níveis de notoriedade do líder e do partido.

A comunicação eleitoral utiliza os meios definidos como prioritários, assim como os meios digitais, actuando em comunidades de membros e simpatizantes. A palavra-chave na comunicação eleitoral é o engagement do maior número de eleitores.

Alguns exemplos passados de marketing político, embora de campos ideológicos diferenciados: Donald Trump e o uso da Big Data, com uma segmentação afinada com os alvos desejados, na mobilização dos indecisos e republicanos e a estratégia de desmotivação dos apoiantes de Hilary Clinton; Barack Obama e a estratégia de proximidade, com a utilização do vídeo, no Twitter, para responder a questões levantadas pelos eleitores (mais de 170 000 perguntas foram respondidas pelo candidato).

Também à semelhança de algumas marcas que possam ser menos sérias, também alguns? todos?…. partidos aproveitam os períodos eleitorais para fazer promessas de impossível concretização, no sentido de captar potenciais votantes.

Se a economia precisa das empresas e da administração pública para funcionar, também a democracia precisa dos partidos. 

Seria desejável que à semelhança das marcas, a classe política assumisse um comportamento ético, de transparência e frontalidade perante os seus clientes, que também são os seus patrões, quem lhes paga o vencimento, os cidadãos.

As marcas que mentem, as más marcas, mais cedo ou mais tarde são penalizadas pelos consumidores e expulsas do mercado. Será desejável que os partidos que mentem aos cidadãos, também o sejam. 

Temos de ter uma alternativa que promova o crescimento económico, e o desenvolvimento social, numa Europa em que teimosamente “teimamos” em não convergir. 

Um apontamento final. Qualquer que seja a sua opção, não se deve deixar de votar! Os cidadãos portugueses exigiram a democracia em 1974. Que se saiba, não há outro melhor regime alternativo.

Por isso, não vamos nós, passados estes anos, contribuir para a matar, não exercendo o direito e o dever da cidadania, não votando!

Carlos Manuel de Oliveira

Dezembro 2023



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